9 livros que já li. E 1 que (ainda) não li

Na onda das postagens de Facebook sobre 9 verdades e 1 mentira, sugiram listas de shows, discos, músicas, sempre com essa toada. A febre se espalhou. E como tudo que viraliza nas redes sociais, a polarização também. Então, se você não gosta de listas do gênero, não precisa se incomodar. Mas garanto que as leituras indicadas aqui valem a pena. E peço aos curiosos de plantão que dêem seu palpite. Afinal, qual foi o livro da lista abaixo que Carlos ainda não leu?

Aberta a bolsa de apostas. O livro que (ainda) não li eu divulgo no dia 5/5, nos comentários. Deixem seus palpites.

 

livro-entrevista-com-o-vampiro-anne-riceEntrevista com o vampiro, de Anne Rice

Devorei a história meio romântica meio macabra do Vampiro Lestat. Tanto que fui ao cinema ver o vampiro encarnado por Tom Cruise, que ainda tinha Bradd Pitt e Antonio Bandeiras. Decepção com o filme e mais decepção ainda com o livro seguinte da série. Teria Anne Rice desaprendido o dom da boa escrita? Sim, o primeiro livro tinha algo de especial. E foi aí que descobri o motivo. A tradução brasileira da edição de Entrevista com o Vampiro, publicada pela Rocco, é de ninguém menos que Clarice Lispector. Fico imaginando que Clarice resolveu dar uma arrumadinha no texto. E nos brindou com uma história de vampiro que é até palatável. Incrivel, não?

 

terra-sonambula_rep_300Terra sonâmbula, de Mia Couto

Poesia em prosa. Às vezes em doses cavalares. Assim é a obra do moçambicano Mia Couto, publicada no Brasil pela Companhia das Letras. Em Terra sonâmbula, um romance pleno de mistérios e misticismo, acompanhamos a saga do menino Muidinga, que perdeu a memória e busca ajuda dos sábios de sua terra para encontrar os pais. Na caminhada que faz ao lado de um desses sábios, encontra junto a um ônibus queimado os cadernos em que outro menino, Kindzu, relata sua vida. Guerra civil, miséria, racismo, colonialismo são panos de fundo para uma história comovente.

 

2017-04-30 12.19.43As aventuras de Alice no país das maravilhas¸ de Lewis Carroll

Talvez seja o livro “infantil” mais lido por adultos na história da literatura. Aos mais jovens, um alerta. Não foi Tim Burton quem criou a menina que cai na toca de um coelho e entra em um mundo maluco, onde enfrenta situações extraordinárias e precisa decifrar enigmas que muito marmanjo não encararia. Publicada em 1865, e já em domínio público, tem edições variadas em português. O blog  recomenda a edição comentada da Zahar.

 

 

O_FAROL_DO_FIM_DO_MUNDO_1249015413BO farol do fim do mundo, de Jules Verne

Não está entre os livros mais conhecidos de Verne, mestre da ficção científica do século XIX. Ele narra as desenturas de Vasquez, um experimentado marinheiro argentino que é designado com dois companheiros para cuidar do recém construído farol da Ilha dos Estados, no extremo sul do continente sul-americano.  Em meio intempéries, os três bravos faroleiros cuidam para que os navios que rumam ao estreito de Magalhães não se percam em meio às ondas agitadas e caminhos perigosos do círculo antártico. Mas eis que são atacados por piratas. Vasquez consegue escapar e se refugia em cavernas da ilha? Sobreviverá? Fará justiça aos companheiros assassinados? Um livro que tem justamente o castigo e a justiça como pano de fundo. E, claro, as enormes descrições feitas por Verne. Seja da geografia, do clima, seja dos aspectos técnicos de embarcações e do farol. Livro para quem tem paciência. Tem edição baratinha e boa para Kindle.

 

2017-04-30 12.18.56A caixa-preta, de Amós Oz

Uma alucinante troca de cartas entre eu escritor mundialmente famoso e sua ex-mulher. Por trás de todo rancor destilado em uma correspondência que vai desnudando a vida de ambos, questões políticas, o eterno conflito do Oriente Médio e judaísmo saltam aos olhos do leitor. Livro fascinante, daqueles que você lamenta quando termina, querendo mais. Amós Oz é publicado pela Companhia das Letras e Caixa-preta tem uma econômica e bem cuidada edição de bolso.

 

2017-04-30 12.23.09O quinze, de Rachel de Queiroz

Ler o romance de Rachel de Queiroz por obrigação escolar não foi fácil. Literatura árida como a história, que expõe as agruras da família de Chico Bento na região do Quixadá durante a famosa seca de 1915, que assolou o sertão nordestino. Os conflitos pela terra, os contrastes entre os proprietários, também afetados pela estiagem, e os empregados, expostos à mais terrível miséria e impelidos a migrar para as terras do sul. Leitura que só ganhou sentido na releitura, anos mais tarde. Personagem controversa, apoiadora da ditatura militar, Rachel de Queiroz merece ser lida. Editado pela José Olympio. Um clássico.

 

2017-04-30 12.21.46O selvagem da ópera, de Rubem Fonseca

Estou entre aqueles que não entram na quase unanimidade sobre a genialidade de Rubem Fonseca. Além de mau-humorado de plantão, o autor, mineiro de Juiz de Fora, e portanto quase carioca, é super valorizado. Tentei ler seus romances de cunho policialesco e não gostei. Nem passei perto de Agosto, que entrou na lista dos “não li e não gostei”. Portanto, tenho  isenção para dizer que Selvagem da ópera, uma biografia romanceada do compositor campineiro Carlos Gomes é surpreendentemente bom. Pouco se fala de Gomes no Brasil. E o livro lança uma luz sobre uma vida atormentada, com lances esporádicos de genialidade e sucesso. Ainda não entendi o porque desse livro, feito quase como um roteiro de cinema, não ter sido ainda filmado. Pobre país, este Brasil. Tenho a edição da Companhia das Letras. Mas atualmente a obra de Fonseca está nas livrarias pela Nova Fronteira.

 

2017-04-30 12.41.22Os sertões, de Euclides da Cunha

Levanta a mão quem é de humanas e leu pelo menos alguns trechos do clássico euclidiano que relata minunciosamente a guerra de Canudos. Levanta a mão quem leu TODO o livro. Opa, vi poucas mãos levantadas agora. Não é fácil mergulhar nas páginas de Os sertões. Mas, acredite, vale a pena. Até mesmo Mario Vargas Llosa fez isso e reconheceu a genialidade da obra, tanto que tratou de escrever um romance baseado nela. Então, o que você está esperando para ajudar o livro a sair das estatísticas dos livros mais “não lidos” e comentados da história? Os sertões é uma aula de Brasil. E explica muito do que somos hoje. Aqui em casa, acabamos de comprar a edição da foto, muito linda, feita pela editora Ubu em parceria com o selo Sesc, em capa dura. Mas tem edições variadas, para todos os bolsos.

 

2017-04-30 13.21.39.jpgOs miseráveis, de Victor Hugo

Não é musical da Broadway, nem filme meloso e musical de Hollywood. É literatura, romance de formação de primeira qualidade que o francês Victor Hugo publicou em 1862. Retrata a vida de Jean Valjean, de menino abandonado, adolescente marginal a líder revolucionário. Um tipo que muitos hoje chamam de vagabundo. Mas que é o retrato de uma França pós-revolução, que à base de muitos conflitos caminhava para ser um Estado democrático. Esqueça os musicais. Vá direto à fonte. Tem uma edição recente, meio carinha, mas muito caprichada, da Martin Claret.

 

Brumas completaAs brumas de Avalon, de Marion Zimmer Bradley

Não sei dizer quantas vezes a saga de Morgana, Lancelote e companhia me levou às lágrimas. Mas foram muitas nos quatro volumes da série criada pela norte-americana Marion Zimmer Bradley. Em torno do rei Arthur, a grã-bretanha vai se formando em uma história cercada de magos, bruxas e tendo como pano de fundo tensões sexuais entre Lancelote e Arthur. E entre Morgana e a sacerdotisa Raven. Os quatro livros da série estão disponíveis em edição brasileira da Imago. E continuam alimentando fantasias de muita gente.

 

P.S.: o quadro da imagem de abertura chama-se Entre dois capítulos, obra de Ramón Casas, do acervo do Museu Nacional D´Art de Catalunya. A foto é minha.

11 comentários sobre “9 livros que já li. E 1 que (ainda) não li

  1. Acho que você não leu Terra sonâmbula, do Mia Couto, porque a descrição que você fez do livro foi muito “sinopse de contra-capa”, mas pode ter sido de propósito pra confundir haha

    De qualquer forma, adorei a brincadeira e ótimas sugestões! Obrigada

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