Para ler a ‘Ilíada’

Tudo começou com um gibi da Turma da Mônica. Juro. Eu devia ter não mais de 12 anos quando li Os 12 trabalhos da Mônica, uma edição especial com um formato um pouco maior que as revistinhas tradicionais que trazia, além da paródia do mito de Hércules, algumas páginas de explicações sobre deuses gregos e as versões clássicas dos 12 trabalhos. Fiquei vidrada naquele gibi, tanto que enchi o saco da minha mãe até ela comprar um livro “sério” sobre mitologia grega, As mais belas histórias da antigüidade clássica (o trema ainda existia), de Gustav Swchab. O livro não era lá grandes coisas, mas o tenho até hoje – assim como o gibi, que infelizmente não encontrei na minha bagunça.

A obsessão passou depois de uns anos, mas o fascínio pela mitologia grega nunca foi embora de todo – tanto que tive uma beagle chamada Medeia e quem acompanha este blog já viu referências a outras peças clássicas baseadas em mitos gregos, como a própria Medeia e sua releitura em Gota D’água, além de Antígona, uma das minhas preferidas.

Corta para 2024. No grupo de apoiadores do podcast 30:MIN começam a falar de uma HQ contemporânea chamada Lore Olympus. Fui ler por curiosidade, uma historinha meio adolescente em que os deuses são bilionários meio desocupados. Para quê, minha gente? Lá fui eu de novo pelo buraco do coelho: maratonei o podcast Noites Gregas e parti para drogas mais pesadas, pesadíssimas. Depois de sair em um bar na Vila Madalena, eis que tinha uma livraria no caminho de casa. Entrei e comprei de uma vez a Ilíada e a Odisseia, ambas em edições da Penguin Companhia com tradução do português Frederico Lourenço.

Enquanto durou a leitura da Ilíada, eu não parava de falar das tretas de Aquiles, contando a história inteira pra Carlos como se fosse uma fofoca pernambucana (“E O PIOR NÃO É NEM ISSO!”). Pensando bem, pode ter sido uma espécie de vingança não intencional por 2012, quando ele passou meses enfiando o Corinthians em praticamente todos os assuntos.

Acho que não eu não estava preparada para gostar tanto do livro. Esperava, sei lá, um texto vestuto e uma narrativa densa – e tem mesmo um pouco disso – mas a Ilíada é, fundamentalmente, uma grande história de aventura, tão seminal que se reflete até hoje na produção cinematográfica, e de forma ainda mais clara nos filmes de super-heróis. Achei o texto fluido, emocionante, divertido e até surpreendente em muitos aspectos – como você verá a seguir.

Pra vocês terem uma ideia, preenchi sete folhas de anotações variadas, com detalhes que eu não queria esquecer, e venho escrevendo este post aos poucos faz mais ou menos uns 10 meses. Mais do que dar minha opinião sobre o livro (que já está aí em cima), pensei em fazer uma espécie de guia de leitura, com informações que eu fui captando/entendendo ao longo do processo, inclusive em outras fontes, e que podem ajudar quem pretende ler o livro agora.

Aviso logo: o post é bem longo e contém spoilers do começo ao fim – se é que se pode falar em spoiler em uma história milenar.

Se gostar do conteúdo (ou não), se sentir falta de algo ou quiser indicar outras referências, deixe um alô pra gente nos comentários.

Sobre o quê é a Ilíada?

A resposta fácil é que a Ilíada é sobre a Guerra de Troia, conflito entre uma coalizão de reinos gregos contra Ílion*, um reino oriental localizado na costa do Mar Egeu, onde hoje fica parte do território da Turquia. O estopim da Guerra é uma mulher: Helena, rainha de Esparta, deixa sua casa e se muda para lá com Páris, príncipe de Ilíon (se ela foi por vontade própria ou sequestrada é algo aberto à interpretação). Helena não é uma rainha qualquer; filha de Zeus com a mortal Leda, é considerada a mulher mais bonita do mundo.

Menelau (rei de Esparta) recorre ao irmão Agamêmnon (rei de Micenas) para invocar um pacto entre os reinos gregos para unir forças e ir resgatar Helena. Os preparativos duram uns 10 anos, e a guerra pelo menos outros 10, com troianos sitiados entre as muralhas e os gregos acampados na praia, seus navios repousados na areia. A Ilíada se passa inteira em um período muito curto, de cerca de 40 dias, bem no finalzinho do conflito – e nem vai até o fim dele. Seria mais exato dizer que a Guerra de Troia é o pano de fundo da Ilíada.

*Ílion, você já deve ter sacado, é outro nome para Troia – do qual deriva o título do poema.

Então, sobre o quê realmente é a Ilíada?

A resposta está no primeiro verso do poema: “Canta, ó deusa, a cólera de Aquiles”.

Filho da deusa Tétis com o mortal Peleu, Aquiles é considerado o principal general dos gregos e seu guerreiro mais perigoso. Ele chefia o exército dos mirmidões, descrito como especialmente forte e preparado.

Os cerca de 40 dias narrados na Ilíada estão circunscritos ao período em que Aquiles se enfurece ao ser contrariado por seu aliado Agamêmnon, chefe militar das forças gregas. Emputecido com o que considera ser uma injustiça – Agamêmnon tira dele o butim que havia saqueado em outra cidade, o que incluía uma mulher chamada Briseida – ele decide cruzar os braços e parar de lutar.

Por causa da greve de Aquiles e dos mirmidões, os troianos ganham fôlego e começam a avançar sobre os gregos, ameaçando uma vitória que parecia certa. Nem os pedidos de desculpas de Agamêmnon, o oferecimento de presentes valiosos, Briseida de volta ou a perspectiva de ver seus companheiros mortos convence Aquiles a voltar à batalha. Isso só acontece quando outro acontecimento o enfurece ainda mais: a morte de seu escudeiro Pátroclo pelas mãos de Heitor, príncipe e herdeiro do trono de Ílion. Cego de dor, Aquiles promove uma carnificina em busca de vingança, virando novamente o jogo a favor dos gregos.

Ele só para quando consegue matar Heitor, confiscar e vilipendiar seu corpo. A história termina justamente quando Aquiles é convencido a devolver o cadáver de seu inimigo ao pai, Príamo. É a cremação de Heitor e o apaziguamento da ira de Aquiles que encerram a Ilíada.

Percebam que o poema termina, mas a Guerra continua. Até aqui, não se falou em Cavalo de Troia, na morte de Aquiles com uma flecha no calcanhar, nem na fuga de Enéias. E essa é uma das coisas mais legais que eu achei na Ilíada, um refinamento narrativo que a gente não vê com frequência: a gente cai no meio de uma história que já estava acontecendo e sai dela antes que termine. Quando um filme contemporâneo faz isso hoje a gente fica “ai, que genial”. Pois é.

Canta, o deusa, a cólera de Aquiles, o Pelida
(mortífera!, que tantas dores trouxe aos Aqueus
e tantas almas valentes de heróis lançou no Hades,
ficando seus corpos como presa para cães e aves
de rapina, enquanto se cumpria a vontade de Zeus),
desde o momento em que primeiro se desentenderam
o Atrida, soberano dos homens, e o divino Aquiles.

Mas cadê o Cavalo de Troia?

Não está na Ilíada, com certeza.

Para entender como os gregos vencem a guerra usando a estratégia do cavalo oco é preciso ler o outro poema de Homero, a Odisseia. Nele, acompanhamos o personagem grego Ulisses na sua jornada de volta à Ítaca, onde é rei. Uma viagem cheia de percalços, plot twists e tramas paralelas. Em uma delas, o filho de Ulisses, Telêmaco, vai a Esparta tentar saber notícias do pai. Encontra Menelau… e Helena que, afinal, voltou pra casa. Ambos falam de suas recordações da Guerra, entre elas, o estratagema inventado por Ulisses de construir um enorme cavalo oco, como uma oferenda a Posêidon. Soldados gregos entram no cavalo, que é entendido pelos troianos como um presente e puxado para dentro das muralhas.

Mas, estritamente na literatura – ou seja, naquilo que Homero escreveu – o Cavalo de Troia existe apenas como memória. Ele não se desenrola no tempo da narrativa nem da Ilíada (onde aconteceria no futuro), nem na Odisseia (onde é passado). O mesmo acontece com a morte de Aquiles. Ela não é narrada. Sabemos que ele morreu porque Ulisses o encontra no Hades (o submundo, o lugar dos mortos), mas não o lemos morrendo em nenhum dos poemas.

“Aquiles sempre esteve morto. Aquiles sempre morreu em Troia”, diz este interessante artigo de Alex de Castro. Ele faz uma distinção entre o que ficou registrado em escrita e o que sempre foi de conhecimento comum na oralidade dos gregos antigos. Porque aqui está outra coisa muito importante: Homero não inventou as narrativas da Ilíada e da Odisseia; ele as registrou (magistralmente) na forma daquela novidade nascente que era, então, a escrita.

Os deuses na Ilíada

Uma das coisas mais diferentonas na Ilíada é a participação direta dos deuses na Guerra de Troia. Parte deles está a favor de Ílion, parte a favor dos gregos, enquanto Zeus fica ali no meio tentando manter a coisa minimamente controlada no Olimpo. Ele, pessoalmente, gosta muito de Troia, mas sabe que seu destino é desaparecer.

Para entender porque os deuses se dividem, a gente precisa retornar à outra parte da mitologia que não está referenciada na Ilíada (nem na Odisseia), e que remete às causas da Guerra de Troia. Já sabemos que tudo tem a ver com o rapto (ou fuga) de Helena. Mas tem uma razão ainda anterior, iniciada no dia em que os pais de Aquiles se casam.

Como já mencionado, ele é filho do mortal Peleu com a deusa Tétis – por isso, a festa teve a presença de todos os deuses olímpicos. Lá pelas tantas, todo mundo cheio de néctar na cabeça, Éris, a deusa da discórdia – por isso mesmo, não convidada para a festa – atira uma maçã no meio do povo com a inscrição “À mais bela”. A maçã fica ali quicando entre Afrodite, Hera e Atena, que então se voltam a Zeus para que diga, afinal, qual delas é a mais bonita. Zeus, que não é besta, foge da resposta e diz que elas procurem o pastor Páris, em Troia.

Páris, então, não sabia que era filho de Príamo, e portanto príncipe de Troia. Mas era considerado um homem justo, por isso a indicação de Zeus. As três vão atrás dele, mas Afrodite faz um acordo secreto: promete que se ela for declarada a mais bela, Páris terá para si a mulher mais bonita do mundo. Ele assim o faz. O tempo passa, descobre-se que é filho de Príamo, vai parar em Esparta e conhece Helena. O resto está nos poemas de Homero, e resumido acima.

Quando Helena é sequestrada (ou foge) e a Guerra começa, um grupo de deuses encabeçado por Afrodite tenta defender Troia. Ela tinha outra razão para isso: Enéias, seu filho com um mortal, criado com o pai troiano. Do outro lado, as preteridas Hera e Atena chefiando outro grupo de deuses a favor dos gregos. Tétis, a mãe de Aquiles, estava obviamente ao lado do filho.

Quando digo que os deuses participam da guerra, é porque eles participam mesmo; descem do Olimpo e lutam invisíveis ou disfarçados ao lado de seus guerreiros; Afrodite chega a ser ferida no pulso pelo grego Diomedes.

Há também várias cenas de debates e interações entre os deuses no Olimpo, o que faz com que a Ilíada seja considerada uma fonte de acesso a como os gregos antigos percebiam a personalidade de cada um. Abaixo, um pequeno resumo dos principais:

Zeus – Líder do Olimpo, deus dos raios e da hospitalidade. Sua posição na guerra é ambígua. Ele não tem nada contra os troianos, com quem simpatiza bastante, mas sabe que o destino da guerra está traçado a favor dos gregos e tenta fazer com que seus colegas não transformem o Olimpo em um pardieiro enquanto tentam interferir no desfecho. Também chamado de Crônida (filho de Crono).

Hera – Esposa de Zeus, deusa protetora do casamento, fica do lado dos gregos (ou melhor dizendo, contra Afrodite), por ter se sentido preterida no episódio da maçã.

Atena – Deusa do conhecimento e da guerra. Filha de Zeus, aliada de Hera e dos gregos na guerra – o que deixa os troianos em péssima situação, já que ela era a deusa mais adorada na cidade. Também chamada de Atritona.

Posêidon – Irmão de Zeus, deus do mar, chamado também de “o sacudidor de terra”. Fica do lado grego.

Afrodite – Líder do grupinho que fica a favor dos troianos, por seu pacto com Páris (pra quem arrasta uma asa, aparentemente) e por ser mãe do troiano Enéias.

Apolo – Fica do lado dos troianos e é um dos que se envolve mais diretamente na guerra, ficando ao lado de Heitor em algumas das batalhas mais importantes.

Ares – Deus da guerra, amante de Afrodite. Descrito como malucão e incosequente, fica do lado do caos.

Tétis – Mãe de Aquiles, se envolve apenas para proteger o filho, o que inclui pedir diretamente a Zeus que interfira por ele.

Hefesto – O deus ferreiro. Não participa diretamente da guerra, mas quando Tétis pede, faz uma nova armadura para Aquiles.

Íris – Assim como Hermes, é uma deusa mensageira, e é a que mais trabalha na Ilíada.

Troia e a Guerra realmente existiram?

A Guerra em si é um mito e não há evidências de que tenha realmente ocorrido. A própria existência de Troia ainda é objeto de disputa. No local onde a cidade teria existido há hoje um sítio arqueológico onde foram descobertas ruínas de sucessivas cidades, inclusive as de uma ocupação que bate com o período em que a Ilíada teria se passado, cerca de 1.200 anos antes da Era Comum, ainda na idade do Bronze.

A Troia como descrita no livro é, provavelmente, apenas mitológica – o arquétipo de cidade sitiada que resiste com honra contra um exército muito mais numeroso e poderoso; essa cidade que faz perpetuamente o papel do “outro”, da “minoria” que, no entanto, luta por sua legitimidade em existir.

A aldeia gaulesa de Asterix é uma Troia, a Terra invadida por alienígenas é uma Troia, e eu tenho certeza de que você consegue pensar em muitas outras Troias nos filmes e livros de aventura contemporâneos. A sobrevivência desse mito com tanta força, e sua reinterpretação contínua, faz dele algo muito mais concreto do que uma cidade que eventualmente tenha existido de verdade.

A violência na Ilíada

Se fosse possível classificar a Ilíada em algum gênero de ficção contemporânea, o gore estaria ali entre as primeiras opções. A narrativa trata a violência da guerra de forma bastante crua. Mas esqueça aquelas cenas de exércitos amorfos que correm um contra o outro e viram uma maçaroca no meio. As batalhas da Ilíada são todas um contra um. Assim que cada morte é descrita em detalhes anatômicos – por onde a lança entrou, por onde saiu, que órgãos saiu rasgando no caminho, como eles foram extraídos do corpo e que percurso fizeram antes de se esborrachar na terra numa poça de sangue. Nesse nível. Muitas vezes. De maneiras bem criativas.

Pátroclo e Aquiles – era amor?

Porque Aquiles fica tão transtornado com a morte de Pátroclo? Eles eram só amigos ou tinha alguma coisa a mais ali? Essa é uma daquelas questões eternas à moda de Capitu-traiu-ou-não-traiu-Bentinho com provavelmente milhares de teses no mundo inteiro defendendo uma coisa e outra – e provavelmente, todo mundo tem um pouco de razão. Muitos argumentos vão na linha de que tentar enxergar a relação entre os dois à luz do que eram as interações entre homens na época. Em um contexto em que as mulheres eram pouco mais que mercadorias, toda relação entre homens era um pouco mais do que brodagem.

Mas tem um detalhe que não é tão detalhe assim: no próprio texto, a reação de Aquiles à morte de Pátroclo é considerada excessiva por todos que estão à sua volta, mortais e deuses – inclusive por Tétis, sua mãe. Se não tinha amor ali, Aquiles só podia estar muito engatilhado com alguma outra coisa – o que também é uma possibilidade.

Para além de um guerreiro sanguinolento, Aquiles é também um homem muito jovem que já sabe o seu destino: se pisar em Troia, ele vai morrer. Se voltar pra casa vivo, seu nome será esquecido – uma tragédia ainda maior para um herói. Assim dizia o oráculo de Aquiles, e não existem oráculos não cumpridos na mitologia grega.

Quando o poema começa, Aquiles está se debatendo entre a birra contra Agamêmnon e o cumprimento do seu destino; ao mesmo tempo em que não consegue enxergar muito sentido em lutar contra os troianos em nome da honra de Menelau. A morte de Pátroclo lhe dá uma razão que considera superior: a vingança, pura e simples.

É difícil ler em versos?

Eu achei bem de boa. Os versos não são rimados – pelo menos, não nessa tradução de Frederico Lourenço, que eu recomendo muitíssimo. A leitura é fluida como se fosse prosa e a divisão em versos ajuda a ditar o ritmo da leitura, sem amarrá-lo. Os elementos de poesia são mais notados em refrões e repetições de formas pelas quais são referenciados os personagens e os lugares.

Mas se você acha que pode ser realmente cansativo ler em versos, o que não faltam por aí são versões em prosa, inclusive pra baixar gratuitamente em PDF ou e-pub.

Os principais personagens humanos

Vou deixar aqui uma listinha dos personagens principais que pode ajudar na navegação de novos leitores:

Aquiles – Líder dos Mirmidões, melhor guerreiro dos gregos. Personagem principal da Ilíada. Também chamado de Pelida (filho de Peleu)

Pátroclo – Escudeiro e amigo mais próximo de Aquiles. Morre pelas mãos de Heitor, deixando Aquiles transtornado.

Agamêmnon – Rei de Micenas e líder geral dos exércitos dos gregos. É ele que discute com Aquiles no começo da Ilíada, dando início à fúria do herói. Também chamado de Atrida (filho de Atreu).

Menelau – Irmão de Agamêmnon e rei de Esparta. Marido de Helena, cujo resgate é a causa da guerra. Assim como o irmão, também chamado de Atrida (ou ambos de “os Atridas”).

Ulisses – Rei de Ítaca, uma pequena ilha. Embora seu poder militar seja o menor entre os gregos, Ulisses é considerado excelente guerreiro, grande orador, inteligente, esperto e diplomata; por isso, é constantemente chamado de “Ulisses dos mil ardis”. É ele quem inventa a estratégia do Cavalo de Troia. Depois, será o personagem principal da Odisseia, que narra sua jornada de volta para casa depois de terminada a guerra.

Diomedes – Segundo maior guerreiro grego, depois apenas de Aquiles. Chega a lutar diretamente contra deuses e fere pelo menos dois – Afrodite e Ares. Também chamado de Tidida (filho de Tideu).

Heitor – Príncipe troiano, filho do Rei Príamo. Principal guerreiro e líder do exército de Tróia; com isso, é o maior inimigo de Aquiles. É considerado por todos um guerreiro honrado, responsável e digno de herdar o trono de Ílion.

Páris – também chamado de Alexandre, príncipe troiano, irmão de Heitor. É com ele que Helena foge de Esparta e vai para Tróia, desencadeando a guerra. É retratado como hedonista e meio covarde.

Príamo – Ancião, rei de Tróia. Considerado sábio e respeitado no mundo grego. Quando Aquiles sequestra o corpo de Heitor, ele vai sozinho tentar recuperá-lo, em uma das cenas mais bonitas do poema.

Andrômaca – Mulher de Heitor, que aparece pouco, mas tem uma cena crucial, e muito bonita, na qual eles se veem pela última vez.

Os gregos – Uma coisa que pode confundir no começo é o uso de várias formas para se referir às pessoas ou nações – os gregos, por exemplo, também são chamados de aqueus, dânaos e argivos.

Quando a Ilíada foi escrita?

Homero viveu mais ou menos nos anos 800 antes da Era Comum. Como já dito, as histórias da Ilíada já circulavam e eram contadas por bardos, mas Homero a escreveu – e aqui está uma informação incrível – exatamente quando a escrita fonética estava chegando e sendo experimentada na Grécia. Um danadinho, esse Homero.

Mas é preciso dizer também que a preservação do texto homérico tem outro grande personagem fundamental: Alexandre, o Grande, da Macedônia, que tinha a Ilíada quase como um livro de cabeceira (livro é modo de dizer, pois o formato de códex ainda não existia).

Em todos os lugares por onde passava, Alexandre promovia a Ilíada como forma de difundir o grego nos territórios conquistados. Segundo Martin Puchner, foi através da Ilíada que vários povos deste império aprenderam o idioma.

A Ilíada, canto a canto

Pensa que acabou? Não mesmo. Neste outro post, resumo a Ilíada canto a canto, incluindo alguns dos trechos de que eu mais gostei.

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