De Ignácio de Loyola Brandão

Começo minha história nesta estante com o número zero.
Zero de Ignácio de Loyola Brandão, livro com história, em todos os sentidos. Um texto anárquico, construído a partir de recortes de jornais e de notícias censuradas pela ditadura militar que o autor, então editor de um jornal paulistano, colecionava obssessivamente, até que um dia resolveu transformar aquele arquivo sem sentido em conto.
O conto virou romance, o romance inspirou balé e Zero correu o mundo em edições thecas, alemãs, britânicas, francesas e, especialmente, a primeira, italiana, publicada antes mesmo da edição brasileira, que enfrentou a censura.
No fim das contas, em plena ditadura, o livro fez sucesso. Tudo indica que os censores não entenderam patavinas das desventuras de José, um zé ninguém em um país fracassado da América “Latíndia”, fadado à marginalidade.
Livro para entender, por meio da literatura, um pouco de nossa história recente.
A edição da foto foi lançada pela Global para comemorar os 35 anos da publicação do livro e traz quase cem páginas de histórias sobre o livro e sobre o Brasil.