Serena

De Ian McEawan

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Ian McEwan é um escritor de grandes momentos. Não de grandes livros.

Sua prosa passeia com facilidade por vários estilos e épocas. Um casal de artistas do fim do século XX, uma família de aristocratas do início do mesmo século, uma trama de espionagem na guerra fria, um drama de suspense em Veneza. Para ele, o cenário é pretexto para observação de costumes e narração de elementos prosaicos do cotidiano que se encadeiam numa sucessão de pensamentos e ações que mudam radicalmente a vida das personagens.

É assim em Serena, romance ambientado no pesado mundo do serviço secreto britânico do início dos anos 1970, em meio a uma forte crise econômica e aos abalos provocados pelo terrorismo do IRA. Acompanhamos a insossa vida de Serena, filha de um sacerdore anglicano, que entra nesse mundo por acaso e, o tempo todo, parece estar nele empurrada por um destino do qual não pode se furtar.

Para quem imagina que a vida de um agente do serviço secreto é repleta de aventuras ao estilo de James Bond, é um anticlímax. E, no fim das contas, o mais interessante deste livro é percebermos que agentes como Serena Frome têm dificuldades financeiras, sentem medo, tédio e duvidam da eficácia e importância de suas “missões”.

Como em todos os livros de McEwan, grandes momentos narrativos e sacadas de sarcasmo convivem com longas páginas tediosas e excessivamente descritivas.

Mas o autor britânico tem a capacidade de nos levar até o fim da história, sempre com a promessa de que algo vai acontecer, o que faz sempre voltar a Ian McEwan, que não tem grandes livros, mas cujos grandes momentos de seus romances valem a leitura.

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