Uma quantidade nada desprezível de livros com temática judaica esteve presente em minha cabeceira no ano de 2013. Desterro – Memórias em ruínas, de Luís S. Krausz, foi um deles. Um pequeno livro, que me segurou desde a primeira página no emaranhado da teia de memórias do narrador, que traz ao leitor um mapa sentimental da cidade de São Paulo. Este mapa compõe uma espécie de moldura para contar a história de seus antepassados alemães
Krausz nos apresenta aos fragmentos de uma família que passou pelo insuportável desterro provocado pelo nazismo e se estabeleceu em São Paulo. Esta família ergueu uma sólida casa no Sumaré, criou um jardim, plantou árvores, mas deixou as raízes firmemente fincadas na Europa de antes da guerra. O narrador busca nas memórias dessa vida europeia os traços de opulência e aristrocracia que seus pais, tios e avós traziam nos gestos, nos costumes e que lhes causavam um enorme deslocamento social na jovem metrópole sul-americana.
Desterro é um livro sobre esse deslocamento, tão próprio de quem traz o exílio como um estigma atávico. O exílio permanente da diáspora, que leva um povo a se mover sempre, sem saber onde estão, de fato, suas raízes.
O livro tem uma edição caprichada do selo Tordesilhas. É leitura saborosa para uma tarde na rede.
E se você quiser uma outra visão sobre o romance clique https://lombadaquadrada.wordpress.com/2013/05/02/desterro/ para saber o que Renata pensou de Desterro. Porque Lombada Quadrada é uma viagem a quatro mãos.