Quando o primeiro Kindle chegou em casa, pelas mãos da amiga Paula Fontenelle, tudo parecia caminhar para a convivência harmoniosa. Renata e eu juramos amor eterno por nosso mimo amazônico, com sua linda capa laranja.
Baixamos livros, dicionários, povoamos o bichinho de letras em português, espanhol e inglês. Seria essa uma convivência pacífica e duradoura?
Até então, a única ameaça à coexistência do casal tinha sido o jogo do Pacaembu. Renata não gosta que eu lembre. Mas fomos assistir a um Corinthians x Sport, nas numeradas. 3 x 0 para o time que dali há meses seria bicampeão mundial. Tarde traumática, pois não me contive nas comemorações. E Renata, a poucos metros da torcida do Sport, teve de ser resignar. Sofrimento que entendi e respeitei.
Mas esse jogo ficou no passado. Lamentamos juntos a queda do Leão para a Série B. E comemoramos juntos o título mundial do Timão, com pedalada na av. Paulista e champanhe francês às dez da manhã de domingo, 16 de dezembro de 2012.
Mas, quando comecei a levar o Kindle em minhas viagens, uma nuvem pairou sobre nossa convivência harmoniosa. Nada de brigas, kindle atirado contra a parede, xingamentos. Passava por nossa mente a semente do ciúme.
Antes de um desfecho trágico, Renata resolveu a questão. Sabedora de que viciados levam às últimas consequências seu envolvimento com o objeto do vício, a moça encomendou um novo Kindle, que chegou nesta semana para instalar a paz em nosso reino de palavras.
Se bem que ela gostou mais do que devia da capa roxa do meu Kindle.
Perigo!?