Os melhores de 2023 do Lombada Quadrada

É isso mesmo, minha gente, os melhores do ano do Lombada Quadrada estão de volta!

Depois de dois longos anos dedicados ao mestrado, finalmente consegui voltar a ler livros com uma certa constância. Foram 46 no total até agora – menos do que os 60 que eram a meta original, e nem tudo literatura.

Quem tiver curiosidade de ir até a lista completa no Goodreads vai ver que ainda li muito sobre futebol, museus e feminismo, principalmente no primeiro semestre. (Ninguém: “A”. Eu: Minha dissertação em Museologia e o título é Chama as mina pro jogo: Museologia e Gênero no Museu do Futebol e já está disponível para download na Biblioteca de Teses da USP).

Ter lido menos livros não significa que eu li menos. Na verdade, devo ter lido até mais em volume, só que trabalhos e artigos acadêmicos em PDF. Descobri da pior forma que o Kindle é horrível na conversão de textos com notas de rodapé e acabei comprando um tablet da Samsung só pra isso (e pra jogar um pouco de Sim City, que ninguém é de ferro e mesmo as mestrandas mais atrasadas aplicadas precisam procrastinar de vez em quando).

Quando finalmente terminei a dissertação, mais ou menos em maio, pude finalmente voltar à literatura. Foi até meio estranho, pra ser sincera. Quando a gente está pesquisando entra num turbilhão tão grande de referências, e vontade de entender tanta coisa, que ler apenas por lazer traz até um certo sentimento de culpa. Mas, é claro, foi muito prazeroso, e aqui estamos nós pra compartilhar um pouco do que mais gostamos em 2023.

Pra quem chegou aqui agora, é sempre bom relembrar as regras do rolê. O Lombada Quadrada é feito por um casal de leitores que compra e lê livros compulsivamente. A gente não se pauta nada pelos lançamentos das grandes editoras e premiações, então nossa lista acaba sendo completamente atípica. Tem literatura contemporânea, mas não necessariamente livros lançados este ano; tem clássicos e tem garimpos que fizemos em outras línguas de coisas ainda não publicadas no Brasil.

Carlos e eu fazemos uma lista de cinco livros que mais gostamos de ler no ano e os que coincidem acabam sendo considerados “os melhores”. Então tudo depende bastante de um convencer o outro a ler o mesmo livro no mesmo ano. Arbitrário, eu sei, mas quem manda aqui é a diretoria. De toda forma, a gente compartilha também as escolhas de cada um.

Então sem mais enrolação, aí vai a lista dos Melhores de 2023 do Lombada Quadrada:

Todo lo de Cristal, de Rafael Pérez Gay

Este é o campeão absoluto do ano, o único livro que coincidiu em ambas as listas, e possivelmente o único lido pelos dois. Encontrei Todo lo de Cristal em uma feira do livro na Cidade do México, na frente do hotel onde fiquei hospedada para participar de um treinamento sobre comunicação e museus. Comprei sem saber nada sobre ele, meio confiando na editora (a Seix Barral), meio pelo preço, meio por ser literatura contemporânea. Li logo que cheguei de volta no Brasil – e meudeosdocéu, que romance!!

Autobiográfico, o livro é narrado por um homem de meia idade que percorre as ruas da Cidade do México buscando lembranças dos lugares em que morou quando era criança, numa época em que a pindaíba financeira e um pai atrapalhado com dinheiro faziam com que a família se mudasse com frequência para se livrar de ações de despejo e cobrança de aluguéis atrasados. Rafael Pérez Gay constrói um retrato afetivo da megalópole pré-metrô e suas transformações, entremeado das mudanças no contexto social e político do país.

É, sobretudo, um livro sobre construção e reelaboração da memória, individual e coletiva. Todo lo de Cristal é um tanto melancólico, mas também cheio de esperança e de um humor finíssimo. Claro que eu estava envolvida pelas lembranças recentes desse lugar maravilhoso que é a Cidade do México, mas Carlos leu logo na sequência, sem esse viés, e amou também. O livro foi lançado em 2023 mesmo, é novíssimo e não tem tradução no Brasil – na verdade, aparentemente não tem nada do autor traduzido pro português ainda. Editoras brasileiras, fica a dica.

Um trechinho pra deixar todo mundo na vontade:

Nó sé cómo, pero conservo un boleto. Un billet deux quiere decir en español “mensaje de amor”, uno de los míos es ese boleto de papel delgadíssimo con el nombre de la línea camionera.

Un día de mi vida adulta abrí un libro y ahí estaba ese mensaje de amor de la ciudad. Costaba cuarenta centavos, dois veintes de pirámide – me refiero a las monedas del año de 1968-. Si perdía una moneda estaba jodido. Nunca perdí una.

As escolhas de Renata

Esses são os outros livros que eu curti bastante este ano. A ordem é aleatória, e não um ranking.

A casa das belas adormecidas, de Yasunari Kawabata

No Japão em vias de ocidentalização, um senhor de certa idade passa a frequentar um prostíbulo diferente: nesta casa, os clientes, todos velhos como ele, pagam para passar a noite com jovens dopadas de sonífero. Assim, eles podem reviver a sensação de estar com belas mulheres sem compartilhar a humilhação de sua impotência, pois as moças dormem antes de o cliente chegar e só acordam quando ele já foi embora. É pesado, angustiante – e belíssimo, como tudo o que já li de Yasunari Kawabata (Mil Tsurus já foi resenhado aqui). A edição é da Estação Liberdade, editora paulistana especializada em literatura japonesa.

O mestre de go, de Yasunari Kawabata

Sim, ele de novo! O mestre de go é um livro excepcional, a começar da impossibilidade de enquadrá-lo em algum gênero específico. Não é exatamente um romance (embora acabe sendo), nem um livro jornalístico (embora tenha surgido de uma cobertura). Trata-se do testemunho muito pessoal de Yasunari Kawabata no acompanhamento da última partida de um grande mestre de go, um jogo de tabuleiro japonês bastante tradicional, contra um adversário bem mais jovem. O embate aconteceu em várias sessões, ao longo de muitos meses, em cidades diferentes, com contextos dinâmicos. O próprio agendamento das sessões era uma espécie de jogo à parte, um embate em que se equilibrava o respeito ao velho mestre e à cobrança de cumprimento de regras e condições de igualdade. Como outros romances de Yasunari Kawabata, O mestre de go trata de um Japão no limiar entre suas tradições e a aquisição de novas práticas (e éticas, e sistemas morais) no contato com o ocidente. No momento em que se passa a história, o go está se tornando um esporte, com sua competitividade e regras objetivas, e não mais a tradição que costumava aparecer nas editorias de arte dos jornais. O livro também saiu pela Estação Liberdade.

Um álbum para Lady Laet, de José Luiz Passos

(…) quando a música fica sendo um jeito de se morrer e voltar à vida, seja onde for, no banho, na rua, numa ilha deserta.

Este um dos primeiros livros que li no ano e, se lembro poucos detalhes do enredo, recordo bem da impressão de deslocamento que ele me causou. A Lady Laet do título é uma cantora e compositora brasileira já morta, que só aparece na trama como lembrança e legado. Toda a narrativa se passa nos Estados Unidos, onde mora sua filha Lucineide, alguns amigos, e o ex-empresário de Lady Laet, que a estimula a escrever a biografia da mãe. A sensação é de que todos estão fora do lugar – o amigo Pablo, um homem trans que luta boxe; o empresário que não empresaria mais ninguém; e a filha que tenta entender o que foi aquela mãe artista, que ela conheceu pouco e de quem herdou pouco mais do que a música. A música, aliás, é como um fantasma em toda a história, não apenas pela voz da cantora que morreu, mas como lembrança constante do deslocamento no tempo e no espaço. “O Velho Oeste ficava a leste da gente”. Amo essa frase. É tudo uma questão do lugar de onde se olha, de onde se lembra. A editora é a Alfaguara, do Grupo Companhia das Letras.

Cloro, de Alexandre Vidal Porto

Constantino, ou Tino, era um advogado de respeito, já na meia idade, até morrer de um mal súbito na sauna de um spa em Tóquio frequentado por homens gays. Não se trata de um spoiler: assim como o Brás Cubas de Machado de Assis, é o próprio Constantino que narra sua história a partir do além. E é uma história da descoberta (ou aceitação) tardia da própria homossexualidade e, com ela, das possibilidades de vivenciar amor e paixão. Entre se aceitar e morrer, Tino teve pouco tempo; o resto da vida foi passado entre estratégias para se auto enganar e se proteger – pois ele descobre muito cedo, ainda na escola, que ser gay poderia significar uma vida de dificuldades. Cloro é um livro triste por deixar patente como a pressão e as convenções sociais constroem e destroem vidas. Em alguma medida, é também um livro autobiográfico: Alexandre Vidal Porto é ele mesmo um homem gay que demorou a sair do armário, e que expressa essa experiência através da literatura. Ele é diplomata – um dos poucos assumidamente gays no Itamaraty – e vem sendo uma voz importante sobre a necessidade de maior diversidade na carreira, incluindo a maior presença de mulheres. Sobre isso, vale a pena ouvir essa participação dele no podcast 451 MHz sobre seu novo romance, Sodomita. O livro é da Companhia das Letras.

The Martian Chronicles, de Ray Bradbury

Baixei esse livro no Kindle no final do ano passado, exatamente quando uma terceira hérnia estourou na minha coluna e o médico me mandou fazer musculação. Eu sempre odiei academia, então precisava ter algo que considerasse útil e prazeroso pra fazer pelo menos nos 20 minutos que gastaria nos treinos cardiovasculares pelo menos três vezes por semana. Então baixei The Martian Chronicles no Kindle. Já tinha lido, e adorado, Fahrenheit 451, então esperava algo na linha distópica e soturna. Mas The Martian Chornicles me surpreendeu e muitas vezes me vi quase engasgando de rir enquanto tentava não perder o ritmo das pedaladas ergométricas. O título meio que já explica: o livro é um conjunto de contos sobre a presença humana em Marte entre os anos 2030 e 2057. Algumas das histórias se comunicam entre si, mas essa não é a regra, e se bem lembro, o prefácio explica que Ray Bradbury escreveu as histórias soltas, até perceber que reuni-las daria um livro coerente. Como todo bom autor de ficção científica, o livro não é sobre o futuro nem traquitanas tecnológicas, nem mesmo sobre Marte, mas usa todas essas coisas para fazer uma análise ferina da sociedade de sua própria época – no caso, os Estados Unidos dos anos 1940 (o livro foi publicado em 1950). Há uma crítica clara ao impulso imperialista e também à destruição ambiental. Quanto à academia, minha tática deu certo. Ao fim do livro, eu já tinha me transformado naquilo que eu mais temia: uma terrível marombeira.

Ah, tem várias edições dele por aí, baratinhas, em português.

As escolhas de Carlos

O que é meu, de José Henrique Bortoluci

Antes mesmo de ser lançado no Brasil, o romance de estreia do sociólogo José Henrique Bortoluci já era comentado no meio literário por conta da venda de seus originais na Feira de Frankfurt. Mas o que realmente me chamou atenção era o fato de o autor retratar na obra a vida de seu pai, seu Didi, que ganhou a vida como caminhoneiro, entre os anos 60 e 90, cruzando as muitas e precárias estradas brasileiras e participando de uma série de obras que marcaram aquele período, como a construção de Brasília, a malfadada Transamazônica e a Ponte Rio-Niterói. Filho de caminhoneiro que sou, me interessei imediatamente pelo relato que faz da sofrida trajetória de seu Didi, das agruras e alegrias da família nas longas esperas e nos breves retornos e do quadro político, social e econômico do país personagens de uma narrativa límpida, emotiva quando necessário, objetiva a maior parte do tempo. Um livro poderoso, para ler de uma sentada e para reler sempre. A edição é da Fósforo, não por acaso responsável pela tradução de Arnie Ernaux, cuja obra guarda importantes semelhanças de estilo e abordagem com o trabalho de Bortoluci.

Entre os atos, de Virgina Woolf

Mais uma maravilha da lavra da genial inglesa. Na zona rural, um pequeno vilarejo se mobiliza para um pageant, uma peça ao ar livre encenada pelos próprios integrantes daquela pequena comunidade burguesa. Alguns, moradores locais, outros, vindos de Londres para fugir do mal que lhes assombra: a Grande Guerra.

Enquanto Miss La Trobe, a diretora do espetáculo, tenta com mão de ferro colocar a peça em pé, cuidando de todos os detalhes e preocupada com a possibilidade de uma tempestade botar tudo a perder, a prosa envolvente de Woolf passeia pelas personagens da grande casa que sedia o pageant, e pelo microcosmo da vila e dos arredores, penetrando nos pensamentos, divagações, fragmentos de diálogos e reflexões entrecortadas que marcam o estilo da autora.

Entre os atos foi o último romance de Virginia, publicado postumamente, e é mais uma prova da genialidade da escritora que virou a prosa do século XX de cabeça para baixo. A edição da Autêntica, em capa dura, tem ótima tradução de Tomaz Tadeu, com posfácio de Ayako Yoshino e notas de referência muito elucidativas sobre o contexto dos pageants nas comunidades rurais britânicas. Obra para ler de joelhos.

Um circo passa, de Patrick Modiano

Ao abrir um livro de Patrick Modiano, autor francês, Nobel de Literatura em 2014, o leitor que o conhece já sabe o que vai encontrar: mistério, personagens que transitam nas sombras de uma cidade, histórias que podem envolver nazistas, judeus perseguidos, integrantes de serviços secretos ou criminosos dos mais variados naipes. E mesmo sabendo desses ingredientes, acredite, você vai ser envolvido por uma prosa lenta, segura, construída em camadas que suavemente vão fazer a sua leitura se aproximar das personagens, penetrar em seus mistérios, descobrir as muitas camadas que envolvem o seu trânsito no mundo das sombras. E verá a cidade, qualquer uma, como personagem central da trama.

Não é diferente em Um circo passa, obra ambientada na Paris dos anos 60, que traz seus mistérios dos tempos da guerra, mostra como seus reflexos permanecem na vida de pessoas, muitas com passado obscuro. Jean relata em primeira pessoa, como viveu em sua juventude momentos passados entre figuras duvidosas, com as confusas lembranças de um pai já morto, que deixou dinheiro e muitas explicações não dadas. É dessa matéria que se constitui a obra do escritor, que tem o dom da narrativa concisa e intrigante. Com tradução e comentários de Bernardo Ajzenberg, o romance tem edição em capa dura da Carambaia e me ganhou pela capa, e pelo autor, na Feira do Livro do Pacaembu.

Noites brancas, de Fiódor Dostoiévski

Nas luminosas ruas do verão de São Petersburgo, as “noites brancas”, em que o sol praticamente não se põe, uma jovem passa por uma das pontes do rio Nievá, aos prantos, quando é seguida de perto por um rapaz. A partir deste encontro, nas brumas leitosas da madrugada, Dostoiévski constrói uma novela repleta de sonhos, delírios e fantasias. É mais um livro lido em 2023 que tem uma cidade como cenário e personagem. Na bela e também hostil São Petersburgo do século XIX, os sucessivos e cada vez mais oníricos encontros entre o jovem casal, as desventuras de Nástienka, os discursos literários do jovem narrador, que descreve na cidade, em suas pontos e prédios monumentais, em seus becos e lugares fétidos, o lugar onde vivem os sonhadores, essa categoria de pessoas que alimenta suas fantasias.

Ou, como ele define em um de seus apaixonados e delirantes discursos:

Em Petersburgo, Nástienka, se a senhorita não sabe, existem recantos bastante estranhos. Nestes lugares parece que não penetra aquele mesmo sol que brilha para todos os petersburguenses, mas sim um outro, novo, enviado como que de propósito para esses recantos, e que brilha com uma luz diferente e particular. (…) vive-se uma vida absolutamente diferente, que não se parece em nada com a que ferve à nossa volta, uma vida que poderia existir num reino distante e desconhecido, mas não junto a nós, nessa nossa época séria, seriíssima. Essa vida é uma mistura de algo puramente fantástico, calidamente ideal e, ao mesmo tempo (…) palidamente prosaico e comum…

Noites brancas é um ponto fora da curva na obra de Dostô. Mereceu esta bela tradução de Nivaldo dos Santos, a primeira direta do russo, e na caprichada edição da 34, tem gravuras o mestre Livio Abramo.

Bajar es lo peor, de Mariana Enriquez

A escritora argentina volta ao blog como uma leitura do ano. Antes, os contos de Las Cosas que perdimos en el fuego foram resenhados aqui e estiveram entre as recomendações de compras para amigo secreto. Bajar es lo peor é seu primeiro romance, que acaba de ganhar nova edição (ainda apenas em espanhol) pela Editorial Anagrama, de Barcelona.

O sucesso da jornalista como escritora de terror começou com esse romance que hoje ela considera um tanto bruto e pouco lapidado. Mas é uma história que levou uma legião de fãs a refazer os percursos de personagens que perambulam por Buenos Aires entre puteiros, baladas e pontos de encontro do submundo portenho, em meio a altas doses das mais variadas drogas, álcool em profusão, sexo, discussões existenciais e muitos fantasmas.

A nova edição traz um texto de abertura da própria autora, em que nos revela que é comum precisar explicar a fãs das peripécias de Bajar es lo peor que suas personagens, os apartamentos, os boliches e bares onde a trama de desenrola, são lugares de ficção.

Nas madrugadas insones dos anos 1990, entre canções de rock, manhãs de ressaca e noites de delírio, acompanhamos Facundo, um jovem lindo, que arrasa corações e mentes por onde passa, sustentado por um homem rico e por vários programas que faz na noite, Narval, um sujeito ensimesmado, eternamente sem dinheiro, caminhante compulsivo, que divide sua atenção entre o belo e atraente amigo e a jovem Carolina, uma burguesa entediada que cai na noite em busca constante da beira do abismo, como de resto todos os personagens.

Nascia, em Bajar es lo peor, o talento de uma escritora que vem conquistando o mundo com sua prosa que transita entre o realismo duro do bas fond portenho, a fantasia e o terror.


Então é isso, gente. O que acharam da lista? Deixa um comentário indicando quais foram os seus livros preferidos do ano, que a gente sempre está procurando novidades. Bom 2024!

5 comentários sobre “Os melhores de 2023 do Lombada Quadrada

  1. Olá, Renata e Carlos!
    Muito bom conhecer suas leituras favoritas.
    Aqui, além de clássico que eu ainda não tinha lido e título no hype (sobre os quais acho que não preciso tecer comentários), adorei três livros em especial:
    – “Os transparentes” de Ondjaki
    – “E nós cobrimos seus olhos” de Alaa Al Aswany (Maravilhoso! Encontrado em sebos.)
    – “Felizes os felizes” de Yasmina Reza
    Um ótimo 2024 para vocês, repleto de saúde, sucesso, paz e boas leituras!

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