Aí que você não é só a doida dos livros como também é a doida da catalogação. Sim, minha gente, meu sonho é ter toda a minha biblioteca totalmente cadastrada em uma base de dados bonitinha e organizada. Já tentei anotar em fichinhas de cartolina, caderninho, tabela em Word, planilha em Excel e até Windows Access. Isso mesmo que você leu: Windows Access.
Como nada deu certo, porque nada era funcional o suficiente, abandonei a ideia repetidas vezes até chegar o momento de me mudar pra São Paulo. Foi nos preparativos para a mudança que me dei conta: vou entregar minha biblioteca nas mãos de uma transportadora, que vai levar meia tonelada de livros sacolejando por 2.700 quilômetros, BR-101 abaixo. E se algo acontecer no caminho, eu sequer tinha uma lista da minha coleção.
Foi nessa época que fiquei sabendo da existência do Skoob, uma “rede social” brasileira de leitores. Pirei. Saí cadastrando tudo que era livro na plataforma, que era mais simples do que tudo o que já havia tentando antes. Mas não simples o suficiente. O dia da mudança chegou, não cadastrei nem 300 livros e deixei pra lá. Os livros chegaram, felizmente inteiros. Mas não esqueci o assunto.
Este ano retomei a empreitada com duas descobertas quase simultâneas: a de um app do Skoob para celular e a existência de uma plataforma americana chamada Goodreads – que também tem um app. Meu coração ficou dividido, mas nenhum dos meus contatos no Facebook tinha usado os dois serviços para me fornecer uma comparação apropriada. Então passei um tempo testando os dois e compartilho com vocês o resultado do confronto Skoob x Goodreads:
Simplicidade ou versatilidade?
De forma geral, o Skoob é mais fácil de usar. Está em português e a maior parte dos livros já cadastrados é de editoras brasileiras, embora também tenha bastante coisa em outras línguas. Se você não encontrar o seu livro, pode cadastrá-lo você mesmo, o que ajuda a aumentar a base do sistema. Mas ele é meio durinho, estático. O Goodreads é mais versátil – permite que você crie suas estantes virtuais, com a nomenclatura que você quiser, para melhor organizar sua coleção de acordo com sua própria lógica. Eu tenho só as clássicas – Read, Currently Reading e Want to Read – mas conheço gente que usa esse mecanismo como espelho da organização dos livros físicos nas estantes reais. O Goodreads também permite importação e exportação de dados, o que é pode ser uma mão na roda se você pretende manipular as informações fora da plataforma. Mas ele é bem mais complicado de usar. Precisa de prática e paciência para sacar algumas filigranas.

Livros com mais de uma edição
Aqui, o Goodreads é vítima de seu próprio tamanho. As duas plataformas mostram as capas de todas as edições já cadastradas de um determinado livro, pra você selecionar exatamente aquela que você tem. No Skoob é beleza. Mas o Goodreads agrupa todas as edições de um determinado título em uma única entrada, reunindo livros do mundo inteiro. E isso significa que você provavelmente vai ter que procurar entre CENTENAS de capinhas, algumas com caracteres estranhos, até achar a sua exata edição de Moby Dick, por exemplo.

Adicionando livros
No Skoob, qualquer usuário pode acrescentar um livro se não encontrá-lo na base de dados. No Goodreads, você tem que pedir para ter o status de Librarian (bibliotecário) e passa a fazer parte de uma comunidade que trabalha colaborativamente na atualização e depuração do banco de dados, sanando erros de informação, duplicidades e outras falhas. Pra isso, a pessoa vai lá, preenche um formulário e justifica porque quer ser um librarian (é sério, eles pedem isso). É óbvio que eu me candidatei. Teoricamente, o Goodreads me enviaria um aviso por e-mail sobre a aprovação do pedido. Não recebi nada, mas já consigo cadastrar livros e novas edições, então parece que minha justificativa foi boa.
Aplicativos
São a segunda melhor invenção da humanidade depois do queijo coalho. Como mencionei antes, voltei ao projeto de catalogação justamente por conta dos apps, que facilitam muito a vida. Ambos têm como recurso o scanner de códigos de barra – você aciona, aponta pro livro e paf! Tá lá na sua tela pra você adicioná-lo (veja ao lado). O do Goodreads, no entanto, é mais inteligente. Quando você acrescenta um livro à estante Currently Reading e depois atualiza para Read, a plataforma automaticamente entende qual foi a data de início e de término na leitura. Isso não é possível no Skoob. Pelo app, você só muda o status, mas tem que ir no site, abrir a tela de edição do livro e indicar a data em uma lista suspensa. Com a marcação de livros que você possui, é o contrário. No Skoob é fácil. No app do Goodreads não rola – tem que ir no site para marcar o título como Owned book.
Trocando livros
Só o Skoob tem um sistema de trocas de livros entre os usuários, o Plus. Você marca que livros deseja trocar e eles ficam no sistema de buscas como disponíveis. O barato é que a troca não é livro a livro, e sim livro a crédito. Se você manda um livro para alguém, ganha um ponto para pedir um livro de qualquer outra pessoa. É ótimo porque amplia infinitamente as possibilidades de troca. O sistema também permite que você aumente o número de pontos necessários para enviar um determinado livro – pode pedir dois ou três pontos por um livro absolutamente novo ou muito concorrido, por exemplo. Ah, as despesas de Correio são por conta de quem envia.
Resumo da ópera: ganhou o Goodreads. Mas…
A facilidade do app Goodreads para registrar as datas das leituras foi o que mais pesou na decisão de cadastrar toda a biblioteca nele (veja ao lado como os dados são visualizados no app). A possibilidade de exportar os dados também pesou a favor, fora o fato de que mais conhecidos estão por lá. Mas continuo no Skoob por conta do sistema de trocas de livros. Minha sugestão: se você não tem a necessidade de registrar o diário de leituras com muita exatidão, vai se dar muito bem com a plataforma brasileira.
Skoob, aliás, é Books ao contrário. 😉
Renata, só um obs: no skoob o plus funciona com 1 ou 2. Não há 3 créditos. E, além do plus, muita gente faz a troca tradicional – de livro por livro. Antes do plus (que é algo recente) funcionava assim e ainda há quem opte por essa modalidade. Abç!
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